A separação de Portugal da Galiza.

26-11-2022

«O condado portucalense foi desincorporado do reino da Galiza em 1.096. Por tanto ate alá ele fazia parte do reino da Galiza e ele foi desincorporado nesta altura porque foi dado como dote de casamento por Afonso VI a sua filha Dona Teresa

A historia de Galicia remóntase á Galicia prehistórica, a Galicia dos castros, a Gallaecia romana, o reino suevo, a Galicia visigótica e altomedieval ata que chegamos a mediados do século XI en que Fernando I de Navarra (1035-1065) casa con dona Sancha (1037-1067), irmá e herdeira de Vermudo III de León. Á sua morte repartiron os territorios entre os seus fillos Alfonso VI (León), García (Galicia), Sancho (Castela).

Don García gobernou Galicia desde 1067 ata 1071, cando foi encarcerado polo seu irmán Alfonso no castelo de Luna, onde permaneceu ata a súa morte en 1090, pero conservando o título de rei.

A filla maior de Afonso VI, dona Urraca, e o seu marido, Raimundo da Borgoña, gobernaron Galicia desde 1093, pero cara a 1096, Alfonso VI cedeu o goberno de Portucale (do condado portucalense) e de Coimbra á sua outra filla, dona Teresa, casada con Enrique de Borgoña.

A investigadora en Historia Sandra Neves Silva, na súa presentación en You Tube ver, fai un excelente resumo da teoría do historiador portugués José Mattoso -que transcribimos a continuación en portugués- sobre a relación entre o reino de Galicia e o condado portucalense antes da súa independencia , así como os seus principais protagonistas Dona Teresa e Don Alfonso Enríquez, primeiro rei de Portugal:

«Como sabemos, ao longo da história portuguesa foram sendo criadas lendas e mitos em torno do primeiro monarca português e da fundação de Portugal. Felizmente os historiadores com o seu método científico tenhem vindo a apurar a verdade dos factos, distinguindo as lendas daquilo que efetivamente terá acontecido. Um desses principais historiadores e um dos maiores especialistas da história medieval portuguesa. É o professor José Mattoso que escreveu esta extraordinária biografia sobre Dom Afonso Henriques que eu estou aqui a mostrar e que que é precisamente esta obra que nós vamos seguir ao longo desta nossa sessão de hoje.

Antes de mais eu vouvos pedir para que façamos uma viagem no tempo. Vamos recuar á idade média, á Península Ibérica da idade média, precisamente no ano de 1.112. Porque este ano de 1.112, porque este ano foi um ano muito importante para o Condado portucalense porque foi a altura em que o condado portucalense por morte do Conde Dom Henrique pai de Dom Afonso Henriques passou para as mãos da Dona Teresa a mãe de Dom Afonso Henriques.

Como é que nós vamos encontrar na Península Ibérica desta altura? Vamos encontrá-la essencialmente dividida em dois grandes blocos. O bloco Sul que estava ocupado pelo Império almorávida,  portanto os muçulmanos, e o bloco Norte que se compunha de diversos reinos cristãos. Vamos olhar agora para estes diversos reinos cristãos e vamos selecionar três domínios territoriais. Mais precisamente vamos selecionar o reino de Leão que no ano de 1.112 tinha como rainha Dona Urraca herdeira de Afonso VI que se autointitulava Imperador da Espanha. A rainha Dona Urraca tinha sido casada com dom Raimundo de Borgonha, de quem viu desaparecer no ano de 1107. Mas teve dele um filho o que se chamava Afonso Raimundes.

Vamos agora olhar para o outro domínio cristão da Península Ibérica, mais precisamente para o reino da Galiza. Ora e aqui no reino da Galiza que se encontrava Afonso Raimundes o filho da Rainha Dona Urraca.

Afonso Raimundes havia sido coroado rei da Galiza e ele encontrava-se aqui neste território a guarda do seu ayo, que era Pedro de Trava. Ora o seu ayo e a sua família constituíam e faziam parte da principal nobreza galega. Curiosamente o seu aio Pedro de Trava e os seus filhos Bermudo Peres de Trava e Fernão Peres de Trava ficaram muito conhecidos na história de Portugal já veremos porque. Ora o ayo portanto Pedro de Trava e os seus filhos tudo faziam para assegurar que Dom Afonso Raimundes veiesse ser o sucessor da sua mãe dona Urraca no reino do Leão. E por tanto por esta altura o reino da Galiza era vassalo do reino de Leão.

E vamos agora olhar para o outro domínio territorial da Península Ibérica desta altura a outro domínio cristão é da Península Ibérica desta altura e que é aquele que nos diz mais respeito. Estamos a falar naturalmente do condado portucalense. Ora o condado portucalense foi desincorporado do reino da Galiza em 1.096. Por tanto ate alá ele fazia parte do reino da Galiza e ele foi desincorporado nesta altura porque foi dado como dote de casamento por Afonso VI a sua filha Dona Teresa. Dona Teresa era filha ilegítima ou filha bastarda de Afonso VI de Leão e Castela. Era mais precisamente filha de presente deste Rei Afonso sesto com uma das suas favoritas Ximena Moniz, e o e portanto o Condado foi então entregue como dote de casamento a dona Teresa, e precisamente quando ela casou com um Cavaleiro vindo de França, mais precisamente da Borgonha, O Dom Henrique de Borgonha, que na Península Ibérica seria destacado pelos seus feitos militares. Então portanto a Dona Teresa e Dom Henrique casaram, e do Henrique ficou então a governar o Condado de Portucale.

Como nós podemos imaginar, os novos galegos não ficaram propriamente satisfeitos com a negociação do Condado portucalense do reino da Galiza, e o Condado portucalense tal como o reino da Galiza prestar vassalagem ao rei de Leão. En terminos genéricos nós podemos dizer que Dom Henrique é entre o período de 1096 até o ano de 1.112 quando este último ano foi o ano em que ele inesperadamente faleceu. Podemos dizer que durante o seu governo do Condado ele foi bem querido. Enrique da Borgonha era ambicioso, era destemido, era Cavaleiro bravo, fez uma boa administração interna, adaptou-se bem ao Condado, conseguiu assimilar bem seu séquito, assim como também estableceu Concórdia com os naturais, ou seja ele incorporou na sua acordo com da aula principal nobreza da região de Entre-Douro-e-Minho, e fez uma administração relativamente moderna con cedente foraes e valorizando as terras que não pertencia aos centros senhoriais. Também se destacou na luta contra os almorávides, e portanto era também um Conde como vimos ambicioso e destemido, e tinha necessidade de expandir os seus domínios, o seu Condado.

E foi neste sentido que ele é em janeiro de 1105 estabeleceu um pacto com dom Raimundo, então rei da Galiza. En este pacto Dom Henrique reconheceria Dom Raimundo como herdeiro dos reinos de Leão e Castela e a sua vez Dom Raimundo prometia que uma vez ascendendo ao trono de Leão e Castela Dom Henrique ficaría ou passaria a ficar reino da Galiza ou então Senhor do território de Toledo.

E portanto este pato é muito importante e mostra bem o quanto o conde Dom Henrique se esforçava também para ampliar o seu poder senhorial e territorial no fundo. Mas o conde Dom Henrique como dissemos acabou por falecer enesperadamente no ano de 1.112 e quem lle sucedeu na governança do Condado foi precisamente A Dona Teresa.

Ora, dona Teresa não tuvo o espírito expansionista do seu marido, do Conde Dom Henrique. Mas o problema da Dona Teresa é que ela nesta política expansionista fez algumas alianças pro galegas que poderiam comprometer a autonomia do Condado portucalense. Vejamos, a primeira apresentar o início dessas alianças dá-se em 1116. Portanto é aqui por esta data que ela se vai relacionar com os Travas e com Afonso Raimundes, e vai recuperar o pacto que o seu marido havia feito com dom Raimundo em 1105.

E portanto neste pacto o que é que ficou estabelecido? Ficou estabelecido que Dona Teresa reconheceria a Dom Afonso Raimundes como sucessor ao reino de Leão e Castela, e em contrapartida Dom Afonso Raimundes chegado uma vez a soberano de Leão e Castela reconheceria em Dona Teresa a governante ou a rainha da Galiza ou então a senhora de Toledo.

Portanto, este pacto é muito importante não é? Revela então que a aliança de Dom Henrique da Borgonha havia feito com dom Raimundo se perpétua. Apresenta ali assinar o pacto que Dom Henrique de Borgonha tinha feito con dom Raimundo se perpetua no governo da sua esposa.

Mas este pacto, esta revalorização deste pacto de 1105 vem acrescido nesta altura de um novo aspeto, ou seja, esse aspecto passa por ter havido uma união íntima, uma união pessoal entre a rainha Dona Teresa e um dos filhos do Pedro de Trava, mais precisamente Bermudo Peres de Trava. Como nós podemos perceber, esta aliança pessoal beneficiava muitos Travas que através dela começavam a crescer e a ganhar uma certa influência no condado portucalense.

Un aspecto muito curioso no governo da Dona Teresa é que ela a partir de 1.117 começa a usar na documentação o título de rainha. Isto é muito interessante porque a dona Teresa não se via apenas como uma nobre ou como uma condesa, mas como filha de Afonso VI que se autointitula do Imperador da Espanha, ela acreditava que tinha direito a um dos seus reinos. Por tanto ela seria rainha de um dos reinos do seu pai. Para esta ideia é uma ideia absolutamente marcante e vai ser em grande medida interiorizada e desenvolvida pelo seu filho dom Afonso Henriques, não é?, que vai fundar o reino de Portugal e ser no fundo o seu primeiro monarca. Mas entretanto no seu governo a partir da década de 1.120 dona Teresa vai estabelecer alianças que ainda vão condicionar ou colocar em perigo maior autonomia do Condado portucalense. E por quê? Porque ela vai estabelecer uma política pro galega ou contrair na sua família dois casamentos com elementos da família dos Travas.

Isto é a partir de 1121, dona Teresa já aparece na documentação, com que casada podemos já, como esposa de um dos filhos de Pedro de Trava. Mas ao contrário do que aquilo que nós poderíamos supor e ela não contraiu matrimónio com Bermudo Peres de Trava com quem já tinha tido um um relacionamento pessoal, unha relação intima em 1116. Ela vai assim contrair matrimónio com o irmão deste, Fernão Peres de Trava. E ao mesmo tempo que contrai matrimônio com Fernão Peres de Trava ela vai arranjar um outro casamento que vai a consolidar esta aliança entre os Travas e a família dela. Ou seja, Dona Teresa vai casar a sua filha dona Urraca Henriques, irmã de Dom Afonso Henriques, com Bermudo Peres de Trava, o seu antigo companheiro, o ou seja, Bermudo Peres de Trava passa de antigo companheiro a genro.

Eu aproveito para vos mostrar uma imagem, não é rara, raríssima, onde eles aparecem representados, mas que nós podemos ver nesta imagem. No centro está a dona Teresa e de um lado dela tem dona Urraca Henriques a sua filha e do outro lado Bermudo Peres de Trava, então o seu ex-companheiro que passou a genro.

Evidentemente que esta política, esta dupla política assente num duplo casamento que unia as famílias Trava e a família de Dona Teresa, não é, sente este duplo casamento vai ter as suas consequências porque a partir de 1121 comece-se a verificar uma grande influência dos Travas na administração do Condado portucalense.

Evidentemente que isso tem consequências porque aquela nobreza que fazia parte do acordo condal no tempo do Conde Dom Henrique não vai apreciar este envolvimento essa interferência galega na administração do Condado e vai entao começar a afastar-se da própria corte condal, onde estába enserita, e começa logo a partir do ano de 1121. Nós encontramos logo a sair da corte afastar-se da corte, encontramos os Souza, os Sueiro, os Ribadouro entre outras famílias da primeira nobreza daquela altura. Quatro anos depois também e encontramos mais fidalgos importantes abandonarem acordo condal, nomeadamente os senhores da Silva, os Ramirões, os senhores de Palmeira entre outros.

Então nós podemos perguntar então dom Afonso Henriques? Hora dom Afonso Henriques nesta altura já teria mais de 14 anos de idade, o que significava que já era maior de idade, presente na época já era considerado o maior de idade. Esto tudo porque Dom Afonso Henriques ao que tudo indica terá nascido em agosto de 1109. A cidade onde terá nascido ao contrário do que muito tempo se supôs não terá sido Guimarães. Guimarães eram onde ficavam os passos condais mas tudo indica que não terá nascido aí. Nem tão-pouco terá nascido em Coimbra como algum tempo atrás foi sugerido. O que tudo indica Dom Afonso Henriques terá nascido sim em Viseu. E porque Viseu? Porque neste ano de 1109 a dona Teresa passou a maior parte do tempo nesta cidade. Portanto aquilo que os istoriadores tem como mais provável é que Dom Afonso Henriques tenha nascido na cidade de Viseu.

Passado algum tempo o Dom Afonso Henriques foi entregado a um ayo que se supõe o que se dá como certo que tenha sido da família da família Ribadouro. Durante muito tempo a tradição falou que o ayo de Dom Afonso Henriques foi Egas Moniz de Ribadouro. Mas acontece que por esta altura, e aí pelo menos até o ano de 1.035, a pessoa, a autoridade familiar maior dentro da família Ribadouro não era Egas Moniz de Ribadouro mas sim o seu irmão Ermígio Moniz. Daí que dada esta circunstância os historiadores sejam cautelosos e prefiram apontar como ayo de Dom Afonso Henriques um elemento da família e não especificamente a Egas Moniz. Pode ter sido um irmão ou o outro.

En relaçon á educação de Dom Afonso Henriques, por certo Afonso Henriques teve a educação normalmente atribuída a um membro da nobreza da qualidade dele. Por tanto foi exercitado nas armas, na arte da guerra e desde muito cedo escutaba vá as narrativas, datos de valentia, de coragem, as façanhas de muitos nobres e que se haviam destacado na luta e na defesa dos seus reinos e da fé cristã. Portanto é neste ambiente que Dom Afonso Henriques é criado.

Em relação a sua mãe e aquilo que podemos dizer é que até maio de 1127 Dom Afonso Henriques esteve alinhado com a mãe. Isto porque a assinatura dele aparece na documentação da cancelaría, por tanto aparesse na documentação oficial ao lado da assinatura da mãe dona Teresa e do esposo da mãe Fernão Peres de Trava.

Mas a partir deste ano de 1127 as coisas vão alterar-se. E isto porque vamos olhar um pouco para o reino de Leão. No reino do Leão no ano de 1126, em março de 1126, dona Urraca irman de Dona Teresa e tia de Dom Afonso Henriques faleceu, e então coroado o seu filho Afonso Raimundes que a partir daí passa a ser chamado como Afonso VII de Leão e Castela.

E por certo como é normal acendendo ó poder o reino de Leão tinha vários reinos e domínios que lle eram vassalos, e portanto Afonso VII nessa condição vai querer o juramento de fidelidade por por parte desses domínios que lle eram vassalos. E vai então querer que a sua tia Dona Teresa lle preste vassalagem. Ela digamos que andava um pouco esquiva a prestar essa vassalagem. Então Afonso Raimundes em setembro, Afonso Raimundes já Afonso VII, em setembro de 1127 resolve cercar a cidade de Guimarães para então obrigar a tia a prestar o  juramento de fidelidade. Mas a tia e o esposo conseguem fugir e efugiam-se, ou em Coimbra ou em Viseu, e dona Teresa vai então incumbir o seu filho Dom Afonso Henriques para que vá então é defender a cidade de Guimarães ao cerco e que acabe por ele negociar o que entender com o seu primo Afonso VII. Entao dom Afonso Henriques vai entao resistir bem ao cerco e acaba por aceitar as exigências do primo e portanto acaba por prestar um juramento de fidelidade ao primo.

Mas a partir daqui é que as coisas vão alterar. Ou seja dom Afonso Henriques é, percebe, que está no centro do poder e que estando no centro do poder, no centro da decisão e ele próprio vai ter que fazer já uma escolha, e essa escolha reside no que reside se se vai manter fiel à sua mãe e a consequência intromissão galega na administração do Condado ou se pelo contrário ele vai estabelecer uma aliança com os nobres desidentes que apelan, sendo os mais novos que abandonaram a corte comdal em 1121 e 1125, e portanto esses novos dissidentes que apelan a independência do Condado portucalense da interferência galega.

Hora nós, a resposta já a sabemos não é, sabemos que Dom Afonso Henriques acabou por se unir a aristocracia portanto aos nobres disidentes, muitos dos quais foram juntar-se a ele a Guimarães para o ajudar a combaterem o seu primo Afonso VII.

E por tanto, feita esta escolha de alinhar junto dos novos dissidentes dos chamados barões portucalenses, dom Afonso Henriques começa então a exercer atos de soberania à revelia da sua mai,  e começa então a formar-se o partido do Infante ó qual foram aderindo cada vez mais nobres da região de entre Douro e Minho.

Como podemos calcular Dona Teresa não ficou nada satisfeita, assim como seu esposo, e então a partir de Coimbra e Viseu começam a organizar forças para subirem até Guimarães e assim conseguirem afastar Dom Afonso Henriques do poder. Dom Afonso Henriques também tinha as suas tropas naturalmente, e então as tropas de Dom Afonso Henriques e as tropas da Dona Teresa acabaram por se juntar numa batalha campal. Por tanto isto é, acabaram por se regladiar numa batalha campal e quem saiu vencedor foi precisamente Dom Afonso Henriques e o seu exército.

Esta batalha é chamada batalha de São Mamede, decorreu no dia 24 de junho de 1128, e ela tem um significado histórico extraordinário porque ela representa a total desvinculação ou a definitiva desvinculação do reino de Portugal, perdão, do condado portucalense em relação ao reino da Galiza, e simultaneamente ela é o primeiro marco ou a primeira fase do nascimento do reino independente de Portugal.

Portanto ela, esta batalha tem essa essa, essas duas nuazas muito muito significativas. Hora é precisamente para esta altura para para a altura da batalha de São Mamede, é nesta altura precisamente nessa altura da batalha de São Mamede, que se fala de um episódio muito caricato que terá acontecido. Esse episódio muito caricato diz que dom Afonso Henriques depois da Batalha será aprendido a mãe e lle terá batido. Hora, este episódio aparece narrado muito mais tarde, ele aparece na verdade na quarta crônica breve de Santa Cruz que é um manuscrito do século XV inserido da crônica galego-portuguesa de Portugal e Espanha que foi redigida em 1342.

Mas os historiadores naturalmente atentos ás fontes e a documentação. Rapidamente percebem e rapidamente desmontam este episódio e o atribuem naturalmente é uma lenda, um mito, que foi criado muito depois da Batalha ter ocorrido, porque eles confrontante Fontes mais próximas à época da batalha sabem que nada disto está escrito, nada disto foi descrito.

Aliás percorrendo os anais de Dom Afonso, que é uma obra do século XII percebe-se que nada disto foi dito antes. Antes aquilo que é revelado é que Dom Afonso Henriques prendeu alguns galegos é mas não indica que tenho aprendido a mãe e e muito menos ele tenha batido, e que tomou o condado o portucalense. E apenas menciona a dona Teresa, bem mais um pouco mais à frente para dizer que a dona Teresa faleceu em 1130. Portanto os historiadores facilmente desmontam este mito é este mito este episódio caricato que tantas vezes e reproduzido, ainda hoje tantas vezes é reproduzido é reproduzir o reproduzido criando-se a ideia que Dom Afonso Henriques bateu na mãe, o que não corresponde à verdade.

De facto, aquilo que as fontes deixam transparecer é que, fontes da época deixam transparecer, é que Dona Teresa e Fernão Peres de Trava a seguir a batalha terão então ter se retirado para a Galiza, e que o Bermudo Peres de Trava por tanto cunhado de Dom Afonso Henriques ainda terá tentado uma revolta no castelo de Seira. Mas esta revolta foi rapidamente reprimida.

Aquelo que as fontes deixam transparecer inclusivamente é que terá a vida que uma espécie de reconciliação, e eles e Dona Teresa, e por certo  os Travas com o próprio Dom Afonso Henriques, porque se não tivesse havido uma reconciliação não teria sido possível que pouco tempo depões é Fernão Peres de Trava tivesse vindo ao território do Condado portucalense mais precisamente, a Coimbra para oferecer a sé desta cidade uma propriedade que a dona Teresa lhe deixara. Portanto a aquele que transparece através das fontes é que terá havido uma reaproximação entre eles, entre Dona Teresa e por tanto os Travas e Dona Teresa naturalmente e Dom Afonso Henriques.

Que é que podemos dizer em relação a dona Teresa? Podemos dizer que apesar da política pro galega que ela desenvolveu e que poderia comprometer a autonomia do Condado portucalense, apesar disso, ela teve a algumas decisões e alguma estratégia muito boa para o Condado ou seja era uma uma mulher que tomava as decisões por si, ou seja conseguia subtrair-se a influência eclesiástica e até familiar.

Tinha uma visão até estratégica: que ela usou o título de rainha e isso é extraordinário e vai marcar o próprio pensamento do seu filho nesse sentido. Ela era ambiciosa e competia com a sua própria irmã em alguns casos e portanto ela tinha uma política expansionista. Não, é como vimos, o problema é que fez as alianças erradas e poderiam comprometer a autonomia do Condado.

Mas ela também tem dois aspectos muito interessantes. Um desses aspectos é que foi durante o governo dela que o Condado portucalense estabeleceu relações com a Santa Sé. Mas também foi durante o governo da Dona Teresa que os templários se estabeleceram em Portugal. Mais precisamente em março de 1128, por tanto uns meses antes da Batalha de São Mamede, quando ela fez a doação do castelo de Soure aos Templários.

Como sabemos os templários eram era uma orden em que os cavaleiros eram cavaleiros e simultaneamente monjes. Portanto eles vieram simultaneamente guerreiros protetores e ao mesmo tempo contemplativos, de certo modo até místicos, e que eram vistos como uma espécie de digamos cavalaria espiritual que eles constituíam quase aqui o quase ou podemos dizer certamente uma cavalaria espiritual porque união as armas e proteção ao oração. A e nesse sentido havia quem os visse nomeadamente Bernardo de Claraval como uma própria renovação dentro da cavalaria pois eles eram então essa cavalleria espiritual que estava a emergir.

Muitos aspectos muito curiosos é que Dom Afonso Henriques também nos apoiou naturalmente e até teve a intenção de estabelecer com eles um vínculo espiritual, um vínculo fraternal. E nós encontramos essa sindicação precisamente quando em 1129 ele vai fazer a confirmação da doação do castelo de Soure os templários. Eu vouvos ler esta pequena passagem onde Dom Afonso Henriques mostra o seu interesse em estabelecer um vínculo espiritual com os templários. Diz ele assim na confirmação da doação: “E faço…” por tanto ele faz a confirmação da doação “…por amor de Deus e para remédio da sua alma e da alma de seus pais…”, apresentar uma dele da alma de seus pais “…e pelo cordial amor que se tem para convosco…”. Portanto cordial amor, amor de coração para com os templários. “…E para ter o benefício de ser irmão da vossa fraternidade…” Portanto dom Afonso Henriques queria queria criar então é um vínculo fraternal com os templários.

Portanto com esta cavalaria espiritual digamos assim. Então dom Afonso Henriques já tinha conseguido o primeiro passo para a autonomia de Portugal, portanto para a autonomia do Condado portugalense, perdão, e para a futura criação do reino de Portugal. Portanto ele já não tinha já se tinha libertado dos Galegos, mas ele ainda não se tinha libertado por completo do seu primo Afonso VII rei de Leão a quem deveria prestar vassalagem.

Então Dom Afonso Henriques vai aplicar no Condado uma política de expansão baseada na guerra, portanto nos feitos bélicos na expansão do território, na conquista de terras aos muçulmanos.

Apesar disso ele ainda demonstrou algumas pretensões em relação à Galiza, por exemplo em 1137 ele ainda ocupou os condados de Toronho e de Limia que abandonou nesse mesmo reino a perdão nesse mesmo ano. E em 1141 ele volta a invadir Toronho, mas o primo Afonso VII não apreceu nada esta investida de Dom Afonso Henriques e vai reagir, e os exércitos por tanto de Afonso VII e dom Afonso Henriques vão encontrar-se no cérebre episódio recontro de Valdevez em 1141. Os exércitos não chegam a combater um contra o outro, e aquilo que fica mais ou menos acordado entre aspas é que dom Afonso Henriques deve dirigir os esforços bélicos guerreiros contra os sarracenos e ao mesmo tempo Dom Afonso Henriques reconhece Afonso VII como a autoridade Imperial dentro da cristandade peninsular.

E de facto podemos dizer que com autonomia do Condado portucalense em relação à influência galega, dom Afonso Henriques apostou muito na administração do território, assim como também em defendê-lo de algumas investidas dos muçulmanos e envestidas essas que eram feitas do sul do território do condado portucalense. Mas dom Afonso Henriques também começou a apostar em algumas linhas ofensivas e a fazer algumas investidas, e uma das mais célebres investidas dom Afonso Henriques foi precisamente a mítica batalha de Ourique. Esta batalha de Ourique terá sido preparada na primavera ou no verão de 1139.

Ela decorreu no território muçulmano, por tanto foi em território muçulmano. Mas ao contrário do que diz a lenda Dom Afonso Henriques combateu mas não cinco reis mouros como diz a lenda que Dom Afonso Henriques seria combatido cindo reis mouros mas terá sido apenas um rei moro. O rei que aparece portanto na documentação conhecido como o rei de Ismar, mas que será o que tudo indica Ismar será uma deturpação de Ibnomar, que era então o governador da região de Córdova e Granada. Hora Ibnomar terá dirígido a esta investida de Dom Afonso Henriques recrutando forças de vários ládos e pronto e combateu contra Dom Afonso Henriques. Qual terá sido o motivo do grande sucesso de Dom Afonso Henriques nesta investida? Terá sido essencialmente porque o rei permaneceu muito tempo neste território inimigo muçulmano e que apesar do exército muçulmano não ser tão numeroso como se dizia a partida as tropas cristãs, por tanto das tropas de Dom Afonso Henriques estavam em menor número,  conseguiram vencer e trouxeram grandes riquezas portanto desta batalha e dos toda a investida que fizeram no território muçulmano. Daí que esta operação tenha sido um grande êxito como se diz.

Mas de facto aquilo que vai ser mais determinante para a constituição do reino de Portugal será, e por tanto e para a fundação da futura monarquia portuguesa, será precisamente o facto de Dom Afonso Henriques passar a usar o título de rei. Esta utilização do título de rei muitas vezes é atribuída precisamente por altura da batalha de Ourique. José Mattoso, o professor José Mattoso aliás, acredita que sim, que antes ou depois da batalha de Ourique dom Afonso Henriques terá começado a usar o título de rei. Embora portanto entre julho de 1139 a fevreiro ou meio de 1.140. Embora tínhamos de fazer uma ressalva. É que na Capela de Santa Luzia de Campos, perto de Vila Nova de Cerveira, Dom Afonso Henriques já aparece designado como o rei em 1138. E o professor José Mattoso acredita que dom Afonso Henriques foi aclamado rei antes ou depois da batalha de Ourique, e que essa aclamação deve ter sido feita ó tipo germânico, isto é, ele foi aclamado pelos seus nobres que o que fizeram esta aclamação de Dom Afonso Henriques sobre o seu escudo. Por tanto era esta a tradição germânica, ou seja, era uma tradição em que o rei era aclamado pelos seus cavaleiros e portanto e passava por um cerimonial em que ele era a aclamardo sobre o seu escudo, ou na expressão mais própria da época seria alçado sobre o pavez, o presente pavez ó escuro. A impressão que temos central de um fonso Henriques é a partir destas datas que mencionamos é ser o título de rei.

Mas será precisamente na conferência de Zamora, que decorreu a 4 e 5 de outubro de 1143, que entram as coisas que vão definir e que vai nascer o reino de Portugal e portanto Dom Afonso Henriques vai assumir a sua condição de realeza. Portanto esta conferência de Zamora vai na sequência das investidas que dom Afonso Henriques tinha feito na área da Galiza. Portanto na sequência disse do referido recontro de Valdevez, dom Afonso Henriques e Afonso VII soluçãrom negociações. Então na conferência de Zamora acabou por ser reconhecido pela parte de Afonso VII que Afonso Henriques tinha então é qualidade de rei.

A a partir daí o condado portucalense ou então Portugal, não é?, o reino de Portugal podemos ja dizer deixaria de prestar vassalagem a Afonso VII de Leão e Castela, e passaria a prestar vassalagem diretamente a Santa Sé, ou seja a Roma. E portanto é a partir da conferência de Zamora, é portanto a partir de 1143, que está oficialmente fundado o reino de Portugal e dom Afonso Henriques é oficialmente reconhecido como o rei português. Como sabemos a Santa Sé apenas em 1.179 é que vai reconhecer o reino de Portugal,  por certo, e vai reconhecer a qualidade regia de Dom Afonso Henriques até lá não reconhecia. Por tanto levou muitos anos da parte da Santa Sé para que o rei conseguisse obter esse reconhecimento.

Como sabemos dom Afonso Henriques, portanto a partir de 1143 continuo toda uma política expansiva de alargamento do território. Portanto ele conquista Santarém, conquista Lisboa, as terras ao redor de Lisboa, Sintra, Almada, Palmela, e vai conseguir com que o seu território seja estendido até Évora. Em 1.179 é lá consegue como vimos que a Santa Sé reconheça Portugal como um reino independente.

Dom Afonso Henriques falece aos 76 anos em 1.185, mas a memória que del ficou foi extraordinária e portanto os seus súbditos tinhamno em grande grande apreso. E nós conseguimos perceber isso mediante a inscrição que ficou no seu primeiro tumbo, eu vou ler, vou ler aqui no centro dessa inscrição. Para termos um pouco a noção da forma como este Rei era visto, e a importância que ele tinha para o povo português da altura.

Então diz assim este excerto da inscrição que eu vos vou ler: “aqui jaz outro Alexandre ou outro Júlio César”, por tanto comparado aos grandes guerreiros da antiguidade clássica “…guerreiro invencible, um rio brilhante do orbe, douto na arte de governar, alcançou tempos seguros alternando a suceação da paz e das armas, quanto a religião de Cristo debe este homem, provem nos reinos conquistados para o culto da fé, alimentado pela doçura da mesma fé, como León além das obras do reino, riquezas para os pobres infelices, que foi defensor da Cruz e protegido pela cruz assiná-lou a cruz formada de escudos no seu próprio escudo…” Portanto aqui fica um sertão, um grande sertão da inscrição do primeiro túmulo de Dom Afonso Henriques que nos permite viver então a consideração que se tinha por este grande rei português, talvez o mais importante de todos porque foi o fundador de Portugal.  Espero que tenham apreciado esta nossa sessão de hoje. Nós vamos voltar para nova sessão que também vai ser dedicada a uma figura da história de Portugal que também foi muito mitificada. Estamos a falar da rainha Santa Isabel de Aragão e vamos falar sobre esta rainha e a difusão que ela promoveu do culto do Espírito Santo em Portugal. Obrigada e até breve.»

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